Projeto com drywall pode ter diferentes condições de resistência ao fogo

Projeto com drywall pode ter diferentes condições de resistência ao fogo

Quantidade, espessura e tipologia das chapas influenciam o desempenho perante incêndios de paredes e forros construídos com drywall.

Fonte | Portal AECweb
Autoria | Juliana Nakamura
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A especificação de qualquer material de construção, seja para estrutura ou para vedação e acabamento, tem influência direta no desempenho da edificação em caso de incêndios. Não é diferente com as paredes internas e forros constituídos de drywall.

Alternativa aos métodos construtivos artesanais, esse sistema industrializado é composto por estrutura de aço galvanizado e chapas de gesso hidratado envoltas de cartão. No miolo entre as placas, forma-se um vão por onde correm as instalações hidráulicas e elétricas. Nesse vazio também pode ser introduzido material isolante para aumentar o desempenho acústico e térmico do conjunto.

DRYWALL RESISTENTE AO FOGO

Os painéis de drywall são produzidos por laminação contínua a partir de uma mistura de gesso, água e aditivos. A indústria disponibiliza três tipos de chapas: standard (branca) para uso em áreas secas; resistente à umidade (verde) para áreas úmidas; e resistente ao fogo (rosa). Essa última contém retardantes de chama (vermiculita e fibra de vidro), por isso mesmo é indicada para uso em rotas de fuga, saídas de emergência, paredes de compartimentação e depósitos de materiais em unidades industriais e comerciais.

“Um equívoco quando falamos em comportamento perante incêndios é achar que somente a placa RF (resistente ao fogo) protege contra o fogo”, diz Carlos Roberto de Luca, gerente técnico da Associação Drywall.

Ele explica que todo drywall, por ser composto de gesso e água, pode resistir ao calor intenso por um determinado período de tempo. “O gesso do drywall tem em sua composição, aproximadamente, 20% do seu peso em água. Isso significa que, para o fogo destruir as chapas, terá primeiro que consumir esse volume de água”, acrescenta Luca.

COMBUSTIBILIDADE

A especificação de todo e qualquer material inserido em uma construção precisa ser acompanhada de rigoroso controle para evitar que sirva de alimento para o fogo e contribua para agravar uma situação de incêndio. De acordo com o tipo de ocupação (residencial, comercial, hospitalar etc.), as normas e as regulamentações do Corpo de Bombeiros estabelecem o limite máximo de propagação de chamas e emissão de fumaça.

Nesse ponto, o drywall apresenta um bom comportamento, ao ser classificado como Classe II A, ficando atrás dos materiais incombustíveis (Classe I). Isso indica que, em comparação a outros materiais combustíveis, trata-se de um produto de menor propagação de chamas e menor nível de emissão de fumaça em caso de incêndio.

COMO AUMENTAR A RESISTÊNCIA DO DRYWALL AO FOGO?

Há situações de projeto que exigem uma resistência superior ao fogo. Nesses casos, uma alternativa é aumentar a massa da parede, recorrendo ao drywall duplo ou triplo (com duas ou três chapas).

Paredes simples, ou seja, com menos de 100 mm de espessura e montadas com chapas standard, resistem a 30 minutos de fogo. Se essa mesma parede for montada com chapas resistentes ao fogo, a resistência chega a 45 minutos. Utilizando-se número maior de chapas no forro ou de cada lado da parede, esses números podem se elevar ainda mais.

Algumas vezes, no entanto, o projeto não pode abrir mão de área útil para acomodar paredes mais espessas. “É também nessas situações que a placa RF acaba sendo mais utilizada, uma vez que permite atender aos requisitos mais rigorosos com menos espessura”, diz Carlos Roberto de Luca.

Em construções residenciais, o drywall duplo ou triplo tem aplicação nas paredes entre apartamentos independentes, nas que separam essas unidades das áreas comuns, bem como na vedação de home theaters e no fechamento de shafts de passagem para tubulação de água e esgoto.

O sistema também tem importante utilização em cinemas multiplex, auditórios e casas de espetáculos. “Nesses casos, além de contribuir para aumentar a resistência ao fogo, o drywall ajuda a vencer grandes alturas e a promover um isolamento acústico rigoroso”, comenta o consultor Olavo Fonseca Filho, diretor do Grupo Sonar.

REQUISITOS DE RESISTÊNCIA AO FOGO

A resistência ao fogo dos sistemas construtivos é comprovada por ensaios laboratoriais específicos de resistência ao fogo. Nesses testes determina-se o tempo de sua resistência em minutos (TRRF), podendo ser classificado como 30, 60, 90, 120, 150, 180 e 240 minutos.

No Estado de São Paulo, o Corpo de Bombeiros exige que paredes divisórias entre unidades autônomas e entre unidades e as áreas comuns tenham, no mínimo TRRF de 60 minutos. São consideradas unidades autônomas apartamentos residenciais e de hotéis, salas de aula e quartos de hospitais. Esta exigência é dispensada em edificações equipadas com chuveiros automáticos (sprinklers).

Desepenho das paredes de drywall perante o fogo

Principais normas técnicas aplicáveis ao drywall com relação ao comportamento ao fogo

  • ABNT NBR 15758-1:2009 – Sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Projeto e procedimentos executivos para montagem – Parte 1: Requisitos para sistemas usados como paredes
  • ABNT NBR 15217:2009 – Perfis de aço para sistemas construtivos em chapas de gesso para drywall – Requisitos e métodos de ensaio
  • ABNT NBR 14715-1:2010 – Chapas de gesso para drywall – Parte 1: Requisitos
  • ABNT NBR 14715-2:2010 – Chapas de gesso para drywall – Parte 2: Métodos de ensaio
  • ABNT NBR 9077:2001 – Saídas de emergência em edifícios – Procedimento (em revisão)
  • ABNT NBR 14432:2001 – Exigência de resistência ao fogo de e de elementos de construção de edificações – Procedimento

COLABORAÇÃO TÉCNICA

  • Carlos Roberto de Luca: Químico industrial com mestrado profissional em habitação pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo (IPT). É gerente técnico da Associação Brasileira do Drywall e gerente do Programa Setorial da Qualidade do Drywall ligado ao Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H).
  • Olavo Fonseca Filho: Engenheiro civil especialista em projetos acústicos para edificações. É diretor do Grupo Sonar.